Exportadores calculam perda de R$ 1,54 bilhão com tarifa de 50% dos EUA sobre derivados do suco de laranja

São Paulo — A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a subprodutos do suco de laranja deve provocar perdas imediatas de R$ 1,54 bilhão ao setor exportador brasileiro, informou nesta quarta-feira (7) a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).

O cálculo considera os US$ 177,8 milhões obtidos com a venda desses insumos na safra 2023/24 (equivalente a R$ 973,6 milhões) e o impacto adicional de US$ 103,6 milhões (R$ 566,7 milhões) gerado pela tarifa de 10% que já incide sobre o suco de laranja in natura.

Derivados atingidos

Entre os itens sobretaxados estão células cítricas — os “gominhos” da fruta — e óleos essenciais, matérias-primas usadas na indústria de bebidas e de cosméticos. Segundo a CitrusBR, cerca de 58% do suco consumido nos EUA é reconstituído a partir de produto concentrado com 66% de sólidos, que recebe água para voltar à diluição natural. A adição da tarifa inviabiliza economicamente essa cadeia.

Os EUA representam 36% das compras brasileiras de óleo essencial prensado, 39% do óleo essencial comum e quase 60% do d-limoneno, componente presente em fragrâncias e solventes naturais.

Queda de preços agrava cenário

Além das tarifas, os exportadores enfrentam recuo nas cotações internacionais. Dados do Fundecitrus indicam aumento de 36% na oferta de fruta em relação à safra anterior. Como reflexo, o preço médio da tonelada vendida para os EUA caiu de US$ 4.243 para US$ 3.387 entre a safra passada e 7 de agosto, redução de 20,17%. Mantido o volume embarcado, a desvalorização implica perda adicional estimada em US$ 261,8 milhões, ou R$ 1,43 bilhão.

Somando tarifas e queda de preços, as perdas potenciais ultrapassam R$ 2,9 bilhões. “Embora o suco de laranja tenha ficado fora da alíquota de 50%, os efeitos são significativos em um ano já desafiador”, afirmou o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, em nota.

Com informações de InfoMoney