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O setor de moda brasileiro registra avanço em 2025 impulsionado por três fatores principais: renda real maior, tributação sobre compras internacionais de baixo valor — a chamada “taxa das blusinhas” — e um inverno mais rigoroso nas regiões Sul e Sudeste.
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ToggleAmbiente econômico favorável
Segundo Iago Souza, analista de Equity Research da Genial Investimentos, o rendimento real do trabalhador subiu 3,3% em doze meses e atingiu R$ 3.477, enquanto a taxa de desemprego caiu ao menor nível da série histórica. O movimento, combinado ao reajuste do salário mínimo e ao aumento salarial dos servidores públicos, estimulou o consumo de itens discricionários, como roupas, cujo tíquete médio é menor que o de eletrodomésticos — segmento ainda travado pela restrição de crédito.
Mesmo com a inadimplência das famílias em alta e a inflação de roupas e calçados acima de 4% no acumulado de 12 meses até julho (IPCA), as grandes redes de vestuário — Lojas Renner, C&A e Riachuelo (Guararapes) — conseguiram elevar vendas no segundo trimestre.
“Taxa das blusinhas” encerra assimetria tributária
Desde agosto de 2024, encomendas internacionais de até US$ 50 passaram a pagar imposto de importação de 20%, além do ICMS que já era cobrado. A mudança, requisitada pelo varejo nacional e impopular entre consumidores, reduziu a disparidade de custos frente a players estrangeiros como a chinesa Shein.
“A diminuição da desigualdade tributária recuperou parte da competitividade do varejo interno, trazendo o consumidor de volta às lojas nacionais”, afirma Edmundo Lima, diretor executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX).
Frio eleva tíquete médio
O outono – inverno de 2025 foi marcado por temperaturas mais baixas, especialmente no Sul e Sudeste, período em que não há muitas datas promocionais além do Dia das Mães. A demanda por casacos, calças e botas — itens de maior valor — aumentou o tíquete médio. De acordo com Lima, as redes adotaram liquidações rápidas, promoções segmentadas e controle de estoques para atender ao pico de procura sem comprometer margens.
Imagem: infomoney.com.br
Pequenos negócios sofrem com custo de crédito
Apesar do cenário positivo para as grandes cadeias, varejistas menores enfrentam dificuldades com a Selic a 15%. “O giro de caixa ficou caro e inacessível para pequenas empresas”, explica Souza. Dados da Serasa Experian apontam 7,2 milhões de empresas inadimplentes em junho, 6,8 milhões delas micro e pequenas. Em 2024, pedidos de recuperação judicial somaram 2.273, alta de 61,8% sobre 2023; até fevereiro de 2025, foram mais 184 solicitações, incluindo a tradicional Zinzane.
Projeções para o segundo semestre
Especialistas veem espaço para continuidade do crescimento graças a datas como Black Friday e festas de fim de ano. As coleções primavera – verão têm preços mais baixos, o que tende a elevar o volume vendido. Ainda assim, Fabio Faccio, CEO da Renner, prevê desaceleração anual nos balanços do terceiro trimestre devido à base forte de 2024, quando o calor intenso favoreceu a coleção de verão.
A ABVTEX informa que suas associadas mantêm estratégias comerciais agressivas e coleções alinhadas às tendências. O setor, porém, monitora juros elevados, inflação persistente e o endividamento das famílias. Em paralelo, a proposta em tramitação na Câmara que isenta Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil pode reforçar a demanda em 2026, avalia Souza.
Com informações de InfoMoney