Mercado brasileiro aguarda discurso de Powell; dólar, juros e ações reagem a cenário externo e a notícias locais

São Paulo, 22 de agosto de 2025 – Os ativos brasileiros iniciam a sexta-feira em compasso de espera pelo pronunciamento do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole, previsto para as 11h (horário de Brasília). Investidores monitoram possíveis sinais sobre a trajetória dos juros norte-americanos, enquanto analisam indicadores econômicos e eventos corporativos no Brasil e no exterior.

Abertura de mercados

No pregão de quinta-feira (21), o Ibovespa recuou 0,12%, fechando aos 134.510,85 pontos, com volume financeiro de R$ 15,80 bilhões. O dólar comercial subiu 0,09%, cotado a R$ 5,478 na venda, e o movimento acompanhou o avanço da divisa no exterior, que levou o índice DXY a 98,66 pontos (+0,44%).

Na curva de juros, as taxas futuro fecharam em alta em todos os vencimentos. O DI janeiro 2027 encerrou a 14,08% (+4,5 pontos-base) e o DI janeiro 2031 a 13,76% (+11 pontos-base).

Estados Unidos: foco em Jackson Hole

O discurso de Powell ocorre sob monitoramento da Casa Branca, que pressiona por cortes de juros. Dados mistos sobre atividade e inflação deixam a autoridade monetária dividida. Alguns dirigentes já defenderam redução da taxa básica, hoje entre 4,25% e 4,50%, por temerem arrefecimento do mercado de trabalho. Porém, a inflação continua acima da meta de 2% e tende a ganhar força com a incorporação das tarifas de importação determinadas pelo presidente Donald Trump.

Antes da fala, os índices futuros em Nova York avançam: Dow Jones +0,34%, S&P 500 +0,25% e Nasdaq +0,21%.

Europa e Ásia

Os principais mercados europeus operam com leve alta. O STOXX 600 sobe 0,33%; em Frankfurt, o DAX avança 0,13%. Investidores ainda avaliam os detalhes do acordo comercial de julho entre União Europeia e Estados Unidos, que limitou tarifas gerais a 15% em troca de investimentos europeus de US$ 750 bilhões em energia em solo norte-americano.

Na Ásia, a sessão terminou majoritariamente positiva. Shanghai ganhou 1,45%, Hang Seng somou 0,93% e Nikkei fechou praticamente estável (+0,05%). Já Nifty 50 (Índia) e ASX 200 (Austrália) recuaram 0,54% e 0,57%, respectivamente.

Dados e eventos globais

Alemanha: o PIB caiu 0,3% no segundo trimestre, revisão que reforça preocupações de recessão prolongada após a desaceleração das exportações para os Estados Unidos, afetadas pelas novas tarifas.

Japão: o núcleo do índice de preços ao consumidor subiu 3,1% em julho ante igual mês de 2024, desaceleração em relação aos 3,3% de junho, mas ainda acima da meta do banco central.

Guerra na Ucrânia: ataque ucraniano a instalação russa interrompeu por pelo menos cinco dias o fluxo de petróleo pelo oleoduto que abastece Hungria e Eslováquia, levando os dois países a pedir garantias de suprimento à Comissão Europeia.

Corporativo

Meta e Google Cloud: as companhias fecharam contrato de US$ 10 bilhões, o primeiro grande acordo de computação em nuvem entre as duas empresas no contexto da corrida por soluções em inteligência artificial. A Google Cloud ocupa o terceiro lugar no mercado, atrás de AWS (Amazon) e Azure (Microsoft).

BRB: o Banco de Brasília informou que projeções divulgadas sobre a compra do Banco Master são sigilosas e não representam guidance. Estimativas citadas previam lucro de R$ 1,5 bilhão em cinco anos e resultado de R$ 2,7 bilhões em 2029.

Brasil: teto de gastos em discussão

A Instituição Fiscal Independente (IFI) projetou que o atual teto de gastos deixará de ser efetivo em 2027. Simulações indicam que, para cumprir a regra naquele ano, seria necessário bloquear entre R$ 79 bilhões e R$ 166 bilhões em despesas discricionárias, patamar considerado inviável.

Com a atenção dividida entre a política monetária norte-americana, a agenda de dados globais e os riscos fiscais domésticos, o mercado brasileiro segue volátil nesta sexta-feira, último pregão antes do fim de semana.

Com informações de InfoMoney