Delegado do Panamá critica logística da COP30 e pede orientação para possível mudança de sede

A terceira reunião do Bureau da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) para tratar da logística da COP30 terminou em clima tenso nesta quinta-feira (22). Durante as três horas de discussão, o vice-presidente do órgão, o panamenho Juan Carlos Monterrey Gómez, afirmou que os participantes estão sendo “tratados como tolos” e exigiu soluções para os problemas de hospedagem em Belém, cidade que receberá a conferência em novembro de 2025.

Gómez, que representa os 33 países da América Latina e do Caribe (Grupo Grulac), disse que “nosso tempo está sendo desperdiçado” e solicitou ao Secretariado da ONU orientações formais, por escrito, sobre os procedimentos para o bureau pedir oficialmente a transferência da sede caso não haja avanços. O apelo foi feito após pesquisa da UNFCCC apontar “desconforto e frustração avassaladores” entre as delegações.

Hospedagem continua no centro do impasse

Segundo o panamenho, mais de 70% das delegações ainda não conseguiram reservar acomodações. Os valores disponíveis em Belém estariam de 200% a 400% acima da Daily Subsistence Allowance (DSA) da ONU, fixada em US$ 144 para a capital paraense. Para efeito de comparação, a diária é de US$ 229 no Rio de Janeiro, US$ 234 em São Paulo e US$ 435 em Paraty.

Delegados de países em desenvolvimento e de pequenas ilhas, que integram um grupo de 72 nações, reivindicam aumento do teto de diárias para Belém — demanda que conta com o apoio do governo brasileiro. Entre as críticas, Gómez mencionou pacotes considerados “exorbitantes e não reembolsáveis” e prazos de apenas três dias para pagamento das faturas.

Flexibilizações do governo brasileiro

Em resposta às queixas, Brasília informou que o período mínimo de reserva foi reduzido de 15 para 10 noites, com possibilidade de revezamento de integrantes das delegações. Mesmo assim, o vice-presidente do bureau classificou a situação como “uma loucura e um insulto”.

Tensão entre bureau e futura presidência da COP

O encontro marcou a terceira vez, em dois meses, que o bureau debate o tema. De acordo com Gómez, a futura presidência brasileira da COP30 declarou que o panamenho “não compreendia as regras de procedimento” e reiterou que a sede não será alterada, posição que ele contestou publicamente em postagem no LinkedIn.

Embora representantes de outros grupos regionais tenham adotado tom mais moderado, o bureau encerrou a reunião sem consenso e com o impasse sobre hospedagem ainda aberto.

Com informações de Valor Econômico