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Washington, 23 de agosto de 2025 – O ex-representante comercial dos Estados Unidos Michael Froman afirmou que o sistema multilateral de comércio “como o conhecemos está morto” e que o futuro dependerá de acordos regionais ou entre grupos restritos de países. A avaliação foi feita no podcast Swamp Notes, do Financial Times, que discutiu o impacto da política tarifária do presidente Donald Trump.
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Além de Froman, atualmente presidente do Council on Foreign Relations, participaram da conversa o jornalista Marc Filippino, apresentador do programa, e Alan Beattie, repórter sênior de comércio do FT.
Por que o sistema estaria “morto”
Froman argumentou que tanto os Estados Unidos quanto a China passaram a adotar regras próprias, ignorando procedimentos da Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo ele, se as duas maiores economias do mundo não seguem as normas multilaterais, outros países tendem a imitá-las, inviabilizando consensos entre os 160 membros da OMC.
Visões divergentes
Beattie discordou da ideia de morte iminente do sistema. Para o jornalista, a OMC continua relevante, principalmente para países menores que veem na instituição garantia de igualdade de tratamento tarifário (regra de nação mais-favorecida) e acesso a mecanismos de solução de controvérsias – mesmo com os Estados Unidos bloqueando o órgão de apelação.
Fragmentação já em curso
Froman avaliou que, diante do impasse multilateral, governos buscam alternativas “plurilaterais”. Ele citou:
- Parceria Transpacífica (CPTPP), que segue ativa sem os EUA e acaba de receber o Reino Unido;
- acordos bilaterais firmados pela União Europeia em vários continentes;
- Zona de Livre-Comércio Continental Africana.
De acordo com o ex-negociador, parte desses entendimentos pode, inclusive, restringir comércio, por meio de controles de exportação ou regras sobre subsídios industriais.
Efeitos das tarifas norte-americanas
Os convidados lembraram que Washington aplica tarifas médias acima de 15%. Países como Canadá e Índia enfrentam sobretaxas de 35% e 50%, respectivamente, o que os leva a procurar novos parceiros. “Assim como empresas diversificaram para fora da China, nações podem começar a se afastar dos EUA”, disse Froman.
Imagem: ft.com
Europa sob pressão
Beattie apontou a dificuldade da União Europeia em transformar discurso geopolítico em ação. Como exemplo, citou a demora para ratificar o acordo com o Mercosul. Para ele, a inação europeia coloca em dúvida o compromisso do bloco com uma agenda comercial mais ambiciosa.
Complexidade de novos acordos
Questionados sobre prazos, os especialistas lembraram que negociações exigem definições detalhadas – desde regras de origem até procedimentos aduaneiros. Trump prometeu “90 acordos em 90 dias” no início do mandato, mas não concluiu nenhum tratado abrangente.
Impacto político interno
Froman alertou que os custos das tarifas são imediatos e amplamente sentidos pelos consumidores norte-americanos, enquanto eventuais benefícios – como relocalização de fábricas – levariam anos e alcançariam poucos trabalhadores. “É um desafio político: a dor é agora e generalizada; o ganho, remoto e concentrado”, concluiu.
Com informações de Financial Times
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