Inteligência artificial brasileira detecta câncer de pulmão mais cedo e será levada a outras capitais

O Grupo Oncoclínicas e a Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, colocaram em operação uma inteligência artificial (IA) capaz de antecipar o diagnóstico de câncer de pulmão. Em um ano de funcionamento na unidade carioca, o Programa Nódulos Pulmonares avaliou 6 mil tomografias de tórax, identificou 150 nódulos suspeitos e confirmou três casos de câncer.

A ferramenta analisa automaticamente todas as tomografias realizadas no hospital, mesmo quando o exame foi solicitado por outras razões, como infecções respiratórias. Ao detectar alterações de possível malignidade, a IA sinaliza os casos para revisão médica, acelerando a triagem de pacientes.

Processo de triagem em até 48 horas

Em até 24 horas após o exame, a tecnologia faz a seleção inicial das imagens. Depois, uma enfermeira especializada verifica os achados à luz do histórico clínico do paciente. Na sequência, um radiologista revisa os casos indicados em, no máximo, outras 24 horas.

Segundo Tatiane Montella, oncologista torácica da Oncoclínicas Rio de Janeiro e coordenadora do programa, a detecção precoce eleva as chances de cura e reduz custos, já que o tratamento em estágios avançados pode ser até duas vezes mais caro. Henrique Guenka, coordenador do Centro de Diagnóstico por Imagem da Casa de Saúde São José e criador da IA, afirma que o sistema funciona como “radar inteligente”, sem substituir a avaliação médica.

Expansão para Salvador e Brasília

Com os resultados, a Oncoclínicas planeja levar o modelo inicialmente para Salvador e Brasília, com meta de ampliar em 2,5 vezes o número de pacientes avaliados. A equipe também estuda aplicar o recurso a outros tipos de câncer.

Diagnóstico rápido mudou história de paciente de 86 anos

Um dos casos confirmados foi o do aposentado José Mario Reis, 86 anos, que procurou atendimento por uma tosse intensa. Graças à análise automática dos exames, o tumor foi diagnosticado no dia seguinte; o paciente passou por quimioterapia, imunoterapia e cirurgia e hoje está curado. Outros dez pacientes seguem em investigação.

O câncer de pulmão permanece entre os tipos mais letais justamente pela descoberta tardia. Embora 90% dos nódulos sejam benignos, 10% podem evoluir para tumores malignos, o que reforça a importância da detecção precoce, ressaltam os médicos envolvidos.

Com informações de InfoMoney