É possível sair das dívidas mesmo com baixa renda?
Sim, é possível — embora não seja fácil. Milhões de brasileiros enfrentam hoje o desafio de manter as contas em dia mesmo com salários apertados, desemprego parcial ou renda informal. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), mais de 78% das famílias brasileiras estavam endividadas em março de 2025, e entre elas, as de baixa renda são as mais afetadas.
Mas a boa notícia é que sair do vermelho não depende apenas de ganhar mais, e sim de adotar uma estratégia clara, gradual e realista. Isso significa mudar hábitos, negociar dívidas com inteligência, criar uma reserva mínima de emergência e evitar os erros mais comuns — como o uso desenfreado do cartão de crédito ou o crédito rotativo.
“O primeiro passo para sair das dívidas é encarar a realidade com honestidade e coragem. Ninguém sai do buraco ignorando sua profundidade”, afirma Gustavo Cerbasi, especialista em finanças pessoais.
Quem ganha pouco também pode se organizar financeiramente
Mesmo que você tenha uma renda limitada, é possível criar um plano de ação acessível e eficaz. A chave está em ter clareza do que se deve, entender o orçamento atual, cortar o supérfluo e agir com disciplina — um dia de cada vez.
Ao longo deste artigo, você vai aprender:
-
Como identificar e organizar todas as dívidas;
-
Estratégias para negociar com bancos e credores;
-
Dicas práticas de economia no dia a dia;
-
Como construir uma reserva, mesmo com pouco.
Entenda sua situação financeira e organize suas dívidas
Antes de começar qualquer plano de pagamento ou negociação, é fundamental ter clareza absoluta sobre sua situação financeira atual. Não adianta tentar pagar tudo de uma vez ou escolher qual dívida “parece” mais urgente — você precisa colocar tudo no papel (ou numa planilha) e visualizar o cenário completo.
Passo 1: Levante todas as dívidas
Liste todas as dívidas que você tem, mesmo as menores. Inclua:
-
Valor total devido;
-
Valor da parcela mensal (se houver);
-
Juros aplicados;
-
Nome do credor (banco, loja, cartão, pessoa física);
-
Situação atual (em dia, atrasada, em cobrança).
Dica prática: Use uma planilha simples (Excel ou Google Planilhas) ou até caderno para visualizar o total. Apps como Mobills, Minhas Economias ou Organizze também ajudam nesse controle.
Passo 2: Calcule sua renda real
Aqui, vale somar tudo o que entra por mês: salário, bicos, pensões, comissões, renda informal, etc. O objetivo é descobrir o valor líquido disponível para quitar dívidas e manter o básico da sua vida (moradia, alimentação, transporte, saúde).
Exemplo: se você ganha R$ 2.000, e seus custos fixos são R$ 1.400, então você tem R$ 600 para lidar com dívidas ou imprevistos.
Passo 3: Classifique as dívidas por urgência
Nem todas as dívidas são iguais. Dê prioridade para:
-
Dívidas com juros altos (cartão de crédito, cheque especial);
-
Contas essenciais (água, luz, aluguel);
-
Dívidas que impactam seu nome ou geram restrição.
Negocie primeiro as que mais crescem ou bloqueiam seu acesso ao crédito.
Passo 4: Enxergue com honestidade (sem culpa)
Este é um momento delicado, mas necessário. Você precisa saber o quanto está devendo, para quem e como vai lidar com isso — sem vergonha, sem desespero. O importante é dar o primeiro passo.
“Organizar as dívidas é como limpar um cômodo muito bagunçado: parece impossível no começo, mas basta começar por uma ponta e seguir em frente.”
Com as dívidas organizadas e sua renda mapeada, você já pode passar para o próximo passo: negociar com os credores, montar um plano de pagamento realista e começar, aos poucos, a recuperar sua tranquilidade financeira.
Estratégias para negociar dívidas e sair do vermelho com pouco dinheiro
Negociar dívidas não é vergonha — é inteligência financeira. Quanto mais cedo você enfrenta seus débitos, maiores são as chances de obter descontos, parcelamentos justos e condições melhores. Hoje em dia, com plataformas digitais e programas de renegociação, é possível limpar o nome mesmo ganhando pouco.
1. Fale com o credor antes que a dívida vire bola de neve
Entre em contato com bancos, operadoras de cartão, lojas ou financeiras e demonstre interesse em quitar a dívida. Muitas empresas têm canais de renegociação com condições especiais para quem está inadimplente.
Dica: Seja honesto sobre quanto você pode pagar por mês — e não aceite parcelas que comprometam mais do que 30% da sua renda líquida.
2. Use plataformas oficiais de renegociação
Hoje, existem ferramentas seguras que facilitam a negociação de dívidas com condições diferenciadas, inclusive com descontos de até 90% à vista:
-
Desenrola Brasil (programa do governo)
Essas plataformas são confiáveis, gratuitas e funcionam 100% online.
✍️ 3. Monte um plano realista e cumpra o combinado
Após negociar, organize seu orçamento com base nas novas parcelas. Encare esse compromisso como prioridade. Se possível, automatize o pagamento com débito agendado e anote a data no calendário ou alarme do celular.
Se sobrar algum valor todo mês, mesmo que seja R$ 50, tente antecipar parcelas — isso reduz os juros e quita mais rápido.
4. Evite novos endividamentos no processo
Durante o pagamento das dívidas, não use cheque especial, evite parcelar no cartão e não faça novas dívidas. Se necessário, pause temporariamente serviços não essenciais, como streaming ou delivery, para reforçar o caixa.
5. Celebre cada pequena conquista
Sair das dívidas leva tempo, mas cada parcela paga é uma vitória. A cada mês, você recupera parte da sua autonomia, paz mental e capacidade de planejar o futuro. Mesmo com renda baixa, é possível zerar as dívidas com disciplina, informação e constância.
Conclusão: sair das dívidas é possível, mesmo com pouco
Mesmo quem tem uma renda limitada pode — com organização, estratégia e constância — recuperar o controle financeiro e sair das dívidas. O processo exige comprometimento e paciência, mas cada passo dado já é uma forma de romper com o ciclo da inadimplência.
Negociar com credores, cortar gastos supérfluos, organizar o orçamento e manter o foco em pagar o que realmente importa são atitudes que transformam a vida. E o mais importante: você não precisa fazer isso sozinho — existem plataformas, programas e recursos gratuitos que estão aí para te ajudar.
Lembre-se: o primeiro passo não precisa ser grande. Mas precisa ser dado. O resto vem com o tempo, a disciplina e a decisão de mudar.
Perguntas Frequentes (FAQ)
1. Por onde começar a sair das dívidas?
Comece listando tudo o que deve, organizando as dívidas por valor e juros. Depois, defina quanto da sua renda pode ser usada para pagar e entre em contato com os credores.
2. O que é o Desenrola Brasil?
É um programa do governo federal que facilita a renegociação de dívidas com condições especiais para pessoas com renda de até 2 salários mínimos ou inscritas no CadÚnico.
3. Vale a pena usar o Serasa Limpa Nome?
Sim. A plataforma oferece negociações com desconto, parcelamento e opção de quitar dívidas online. É uma das mais confiáveis do país.
4. Como evitar cair novamente em dívidas?
Após sair do vermelho, evite parcelar compras sem planejamento, tenha uma reserva mínima de emergência e mantenha o controle mensal do seu orçamento.
5. Qual o erro mais comum de quem tenta sair das dívidas?
Aceitar parcelas que não cabem no orçamento, usar o cartão de crédito durante a negociação ou tentar pagar todas as dívidas de uma vez sem estratégia.