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Brasília, 19 mar – O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu na segunda-feira (18) que leis, ordens executivas e demais atos emitidos por governos estrangeiros não produzem efeitos automáticos no Brasil sem homologação judicial ou acordo de cooperação internacional. A medida, tomada em processo relacionado às tragédias de Mariana e Brumadinho, foi interpretada pelo mercado como um escudo imediato contra sanções impostas pelos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes ao amparo da Lei Magnitsky.
Conteúdo do Artigo
ToggleReação imediata dos mercados
O temor de conflito entre determinações brasileiras e americanas mexeu com os ativos na terça-feira (19):
• Ibovespa recuou 2,10%, aos 134.432 pontos, com bancos entre as maiores baixas – Banco do Brasil ON (-6,03%), Santander (-4,88%), B3 ON (-4,79%), Itaú (-3,84%) e Bradesco (-3,43%).
• Dólar avançou mais de 1% e encerrou a R$ 5,50.
• Juros futuros subiram; o Tesouro IPCA+ passou a pagar 7,81% ao ano (7,70% na véspera). O Prefixado 2028 foi a 13,41% e o 2032 a 13,89%, ante 13,23% e 13,68%.
O que diz a Lei Magnitsky
A legislação dos EUA permite impor a estrangeiros acusados de corrupção ou violações de direitos humanos:
• congelamento de ativos em território americano;
• proibição de entrada nos EUA;
• vedação de negócios com pessoas ou empresas americanas;
• alcance extraterritorial sobre transações ligadas ao dólar ou a bandeiras internacionais de cartão.
Alexandre de Moraes foi incluído nessa lista no fim de julho, tornando-se a primeira autoridade brasileira atingida pela norma.
Principais pontos da decisão
Dino destacou que contratos firmados no Brasil, bens localizados no país e empresas registradas aqui só podem ser impactados por sanções estrangeiras após “devidos trâmites legais”. Para o advogado Luiz Friggi, o despacho “abreviou o caminho” para contestar efeitos da Magnitsky no Brasil: bancos ou clientes podem acionar diretamente o STF.
Dilema dos bancos
Instituições que operam localmente e mantêm relações nos EUA enfrentam dois riscos:
Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom via infomoney.com.br
1) No Brasil, descumprir ordem do STF pode levar a multas e sanções do Banco Central.
2) Nos EUA, ignorar a Office of Foreign Assets Control (OFAC) pode resultar em multas bilionárias e até exclusão do sistema financeiro em dólar.
“Os bancos estão num xeque-mate: se mantiverem a conta de Moraes, arriscam punições nos EUA; se cortarem, descumprem decisão do Supremo”, resume José Andrés Lopes da Costa, professor da FGV.
Exemplos de penalidades americanas
• Standard Chartered pagou US$ 1,1 bilhão em 2019 por transações ligadas a Irã, Cuba e Sudão.
• BNP Paribas desembolsou US$ 8,9 bilhões em 2014 pelo mesmo motivo e viu 13 executivos demitidos.
Possíveis próximos passos
• Reclamações diretas ao STF contra bancos que tentarem aplicar sanções americanas no Brasil.
• Participação de entidades como Febraban como amicus curiae para buscar solução institucional.
• Pedido de esclarecimentos ao Supremo sobre situações que envolvam terrorismo ou narcotráfico, temas normalmente sujeitos a sanções internacionais.
Enquanto isso, executivos de grandes bancos avaliam estratégias para conciliar compliance global com a ordem interna e evitar isolamento da infraestrutura do dólar.
Com informações de InfoMoney
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