Discurso de Powell eleva apostas de corte de juros nos EUA em setembro

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou nesta sexta-feira (23) que o “equilíbrio de riscos” pode justificar um ajuste na política monetária dos Estados Unidos, declaração que reforçou as expectativas de redução da taxa básica de juros já na reunião de setembro.

O discurso foi feito no tradicional simpósio de banqueiros centrais em Jackson Hole, Wyoming, e provocou alta imediata nos principais índices acionários americanos. A medida vem sendo solicitada há meses pelo presidente Donald Trump.

Atualmente, o juro de referência do Fed está na faixa de 4,25% a 4,5%. Analistas já previam um corte diante da recente desaceleração do mercado de trabalho, mas o impacto dos amplos tarifas de Trump sobre os preços gerava dúvidas.

Powell reconheceu que os efeitos das tarifas “agora são claramente visíveis” para o consumidor, mas avaliou que o aumento pode ser “relativamente curto” e caracterizado como “um ajuste único no nível de preços”. Segundo ele, os riscos de inflação continuam inclinados para cima no curto prazo, enquanto os riscos para o emprego apontam para baixo, criando “uma situação desafiadora”.

Como as taxas já se encontram em território considerado restritivo, o presidente do Fed indicou que uma flexibilização poderia ser necessária para apoiar o crescimento. Mesmo assim, deixou claro que a política monetária “não segue um curso pré-determinado” e que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) decidirá “exclusivamente com base nos dados e em sua implicação para a economia”.

Esta deve ser a última participação de Powell em Jackson Hole, já que seu mandato termina em maio de 2026. Nomeado por Trump em 2017, ele vem sendo alvo de críticas públicas do presidente, que o chamou de “cabeça-dura” e cogitou retirá-lo do cargo antes do fim do mandato.

Investidores reagiram positivamente à sinalização. Diane Swonk, economista-chefe da KPMG US, avaliou que Powell “abriu um pouco mais a porta” para o corte de juros em setembro. Brian Jacobsen, da Annex Wealth Management, disse que o Fed evitou ser “o estraga-prazeres”, optando por colocar riscos conhecidos para o crescimento acima de incertezas sobre as expectativas de inflação.

Com informações de BBC News