Disposição de consumo das famílias cai 0,3% em agosto, mostra CNC

A confiança dos brasileiros em realizar compras diminuiu em agosto de 2025. A pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), recuou 0,3% na comparação com julho, interrompendo três meses de alta e marcando 102,9 pontos, já com ajuste sazonal.

Embora o índice permaneça acima da linha dos 100 pontos — considerada zona de otimismo — nenhum dos componentes registrou avanço no mês. Na comparação anual, frente a agosto de 2024, o ICF cedeu 0,6%.

Queda mais forte em bens duráveis e renda

Entre os itens avaliados, o momento para compra de bens duráveis apresentou o maior recuo em 12 meses (-6,9%), seguido pela renda atual (-3%). Por outro lado, perspectiva profissional (+3,1%), acesso ao crédito (+1,4%) e nível de consumo atual (+1,1%) subiram no mesmo período.

A fatia de consumidores que percebe facilidade para obter crédito caiu para 32,6%, o menor patamar desde abril de 2020 (33,1%).

Diferenças por faixa de renda

O ICF encolheu em ambas as faixas de renda analisadas. Para famílias que ganham até 10 salários mínimos, as variações foram de -0,2% no mês e -0,1% no ano. Entre os lares com renda superior, as quedas chegaram a 0,7% e 2,4%, respectivamente.

No componente perspectiva profissional, ambos os grupos registraram retração de 0,5% em relação a julho. Já a perspectiva de consumo avançou 1,7% entre os mais pobres e recuou 7,8% entre os de maior renda na comparação anual.

Homens e mulheres

O índice geral diminuiu 0,7% para o público masculino e 0,5% para o feminino. Os homens também lideram a avaliação sobre acesso ao crédito (1,8% contra 1,2% para as mulheres). Em perspectiva profissional, o resultado foi melhor para elas: alta de 3,4% ante 2,7% entre eles.

Mercado de trabalho sustenta algum fôlego

Segundo o economista da CNC João Marcelo Costa, o aumento da inadimplência continua restringindo a tomada de crédito, mas a expectativa mais positiva em relação ao emprego ajuda a manter certo dinamismo no curto prazo.

O ICF é produzido mensalmente pela CNC a partir de entrevistas com aproximadamente 18 mil consumidores em todo o país e funciona como indicador antecedente do ritmo de vendas no varejo.

Com informações de Valor Econômico