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Evo Morales conduz campanha à distância em complexo isolado na selva boliviana

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Quatro horas de viagem por estradas montanhosas separam a sede do poder em La Paz de Lauca Eñe, pequena localidade no centro da Bolívia que abriga o novo quartel-general de Evo Morales. Instalado em um complexo cercado pela mata e guardado por seguidores leais, o ex-presidente organiza, à distância, uma campanha de protesto para a eleição presidencial deste domingo, embora esteja legalmente impedido de disputar um novo mandato.

Mandado de prisão e impedimento eleitoral

Morales, 64 anos, enfrenta um mandado de prisão sob acusação de tráfico humano e de ter engravidado uma adolescente de 15 anos durante seu período no poder. O ex-chefe de Estado não confirma nem nega a paternidade e qualifica as acusações como motivadas politicamente. Apesar disso, pesquisas apontam que ele ainda conta com apoio que varia de 12% a 18% do eleitorado, percentual que pode ser maior em áreas rurais não alcançadas pelos levantamentos.

O Tribunal Constitucional barrou qualquer tentativa de candidatura, alegando limite de mandatos. Morales governou de 2006 a 2019 e tentou um quarto mandato em 2019, movimento considerado inconstitucional por opositores e que desencadeou protestos, dezenas de mortes e seu exílio temporário.

Cenário eleitoral fragmentado

Sem poder se registrar, o ex-presidente orientou seus simpatizantes a anular o voto como forma de contestação. A estratégia é criticada por antigos aliados à esquerda, que veem risco de favorecer rivais de centro-direita.

O atual presidente, Luis Arce, ex-ministro da Economia de Morales, abriu mão da reeleição após romper politicamente com o mentor. Na disputa estão o presidente do Senado, Andrónico Rodríguez, também do campo progressista, o empresário Samuel Doria Medina, de centro-direita, e o ex-mandatário conservador Jorge Tuto Quiroga.

Complexo na floresta como base de operações

No coração do refúgio, moradias simples e barracas cercam um prédio envelhecido que funciona como escritório de Morales. Ali ele grava um programa semanal de rádio, enquanto fotos ao lado de Hugo Chávez e Fidel Castro, além de troféus ligados ao sindicato dos produtores de coca, decoram as paredes.

Edith Mendoza, 40 anos, moradora de Isinuta, defende o ex-presidente: “Ele é o único que esteve conosco”, afirma, chamando de perseguição política o processo judicial. Já Romina Solano, 33 anos, estudante de direito em Cochabamba que votou em Morales no passado, agora apoia Samuel Doria Medina. “Percebi que ele não aceitava os limites da democracia”, reclama.

Disputa de legado e crise econômica

Depois de indicar Arce como sucessor em 2020, Morales rompeu com o governo em meio à falta de combustíveis, inflação em alta e escassez de dólares que provocaram novos protestos. O atrito interno fragmentou o Movimento ao Socialismo (MAS), partido que o ex-presidente deixou no ano passado.

Morales afirma que continua sendo “o melhor nome” para liderar o país e que o MAS perde força sem sua presença. “Não se trata de proteger o Evo, mas de proteger o nosso processo”, declarou em entrevista recente no enclave florestal.

O pleito deste domingo testará não apenas a força eleitoral dos candidatos formais, mas também o alcance da campanha de protesto conduzida à sombra da floresta.

Com informações de InfoMoney

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