Famílias britânicas recorrem a descontos e clubes de alimentos para driblar alta dos preços nas férias escolares

Com o início das férias de verão, que se estendem por seis semanas, pais em todo o Reino Unido buscam alternativas para alimentar os filhos em casa diante da escalada do custo dos alimentos, que subiram 4,5% em junho na comparação anual e devem avançar novamente em julho e agosto.

Planejamento e criatividade

Em Gorton, zona leste de Manchester, a assistente administrativa Evelyn, mãe de dois filhos, abastece o congelador com produtos “etiqueta amarela” — itens com desconto prestes a vencer. “Não tenho medo de liquidação; freezer foi feito para isso”, afirma. Ela guarda carnes, congela frutas mergulhadas em iogurte para criar petiscos gelados e conta com um voucher de £50, concedido pela prefeitura de Manchester por meio da escola da filha de 12 anos, beneficiária de merenda gratuita durante o período letivo. O vale pode ser usado em qualquer supermercado, o que permite garimpar promoções.

Laura Maggs, desempregada e mãe de três crianças em South Manchester, divide os mantimentos em sacolas diárias e coloca os lanches em armários altos, fora do alcance dos pequenos “devoradores”. A família depende do The Bread and Butter Thing, despensa comunitária que cobra £8,50 por três sacolas de excedentes de supermercados, fazendas e atacadistas. “É um salva-vidas”, define.

Combate ao desperdício

A musicista e cuidadora Colette Todd, que concilia três empregos de meio período no sul de Manchester, reforça a regra de não desperdiçar nada, “nem as cascas de pão”. Para evitar perdas, os alimentos que precisam ser consumidos primeiro ficam na frente da geladeira. Ela e o filho Henry, de 14 anos, preparam refeições em quantidade e congelam porções extras.

Apoio insuficiente, dizem entidades

Segundo a rede de distribuição de alimentos Fareshare, já foram enviadas provisões para 400 mil refeições a mais neste recesso em relação ao ano passado. Ainda assim, o Child Poverty Action Group alerta que os recursos atuais não cobrem todas as famílias em dificuldade.

Na Inglaterra e no País de Gales, lares de baixa renda podem acessar refeições gratuitas em programas de férias financiados pelo governo, enquanto alguns municípios distribuem vales pelo Household Support Fund. Na Escócia, certos conselhos locais oferecem pagamentos extras de merenda; na Irlanda do Norte, a ajuda conhecida como “holiday hunger” foi interrompida em 2023.

Além dos bancos de alimentos emergenciais, multiplicam-se clubes e pantries onde os inscritos pagam taxa reduzida por sacolas fixas de produtos. Aplicativos como Olio e TooGoodToGo também permitem resgatar comida de cafés e lojas que seria descartada ao fim do dia.

Com informações de BBC News