Gilmar Mendes nega conversa recente com Jair Bolsonaro citada em mensagens obtidas pela Polícia Federal

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou não ter mantido contato recente com o ex-presidente Jair Bolsonaro após ter seu nome mencionado em trocas de mensagens entre o ex-chefe do Executivo e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Os diálogos foram reunidos pela Polícia Federal (PF) e vieram a público na semana passada.

Nos registros de WhatsApp apresentados pela PF, Bolsonaro relata ao filho ter conversado com ministros do STF e orienta: “Esqueça qualquer crítica ao Gilmar”. Questionado sobre o teor das mensagens, Mendes declarou: “Não falei com Bolsonaro nesses tempos; no passado, sim. Recebo interlocutores de todos os lados”. Ele acrescentou que seu histórico de diálogo com diferentes forças políticas é conhecido.

Indicado ao STF em junho de 2002 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Gilmar Mendes teve seu visto para os Estados Unidos suspenso junto a pelo menos outros sete integrantes da Corte. A medida, adotada pelo governo de Donald Trump, mirava principalmente o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação que investiga suposta tentativa de golpe envolvendo Bolsonaro, mas alcançou também outros magistrados.

Segundo relatório da PF, em 27 de junho Eduardo Bolsonaro encaminhou ao pai três imagens que não puderam ser recuperadas pelos investigadores. Jair Bolsonaro respondeu pedindo que o filho não repassasse os arquivos e reiterando a necessidade de evitar críticas a Gilmar. O ex-presidente mencionou ainda que “todos, ou quase todos” os ministros do STF estariam apreensivos com possíveis sanções norte-americanas.

As mensagens integram o inquérito que indiciou Bolsonaro e o filho pelos crimes de coação e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Na manifestação enviada ao ministro Alexandre de Moraes, a defesa do ex-presidente nega ter descumprido ordens judiciais ou planejado fuga do país e não faz referência a conversas com integrantes do STF.

Com informações de Valor Econômico