Governo argentino confirma 100 mortes por fentanil contaminado e aponta laboratório como responsável

O governo da Argentina informou nesta quinta-feira, 14, que o número de mortes atribuídas ao uso de fentanil contaminado alcançou 100 pessoas. Na quarta-feira, 13, o total era de 87 vítimas.

Fontes judiciais ouvidas pela agência AFP acrescentaram que outras nove mortes seguem em análise para verificar possível relação com o medicamento.

Origem da contaminação

De acordo com o processo conduzido pela Justiça argentina, o fentanil estava contaminado pelas bactérias Klebsiella pneumoniae e Ralstonia pickettii, responsáveis por um surto infeccioso fatal. O jornal La Nación apurou que, até o momento, foram identificados pelo menos cinco lotes comprometidos, distribuídos em oito hospitais e centros de saúde. A investigação revisa prontuários de aproximadamente 200 hospitais.

Primeiras denúncias

As suspeitas surgiram em maio, quando a Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (Anmat) recebeu relatos de mortes ocorridas após o uso do opioide em unidades de Buenos Aires e das províncias de Santa Fé, Formosa e Córdoba, segundo o juiz responsável pelo caso, Ernesto Kreplak. A primeira queixa partiu de um serviço de saúde que identificou a contaminação bacteriana.

Laboratório sob investigação

Em nota, a Casa Rosada apontou o empresário Ariel Garcia Furfaro, dono do laboratório HLB Pharma Group S.A., como responsável pelo lote contaminado. O governo afirma que, após inspeção, a Anmat interditou a empresa e suspendeu suas atividades produtivas três meses antes do primeiro óbito.

Pelo menos 24 pessoas investigadas tiveram bens bloqueados pela Justiça. Até agora, não houve prisões.

Defesa e repercussão política

Furfaro nega irregularidades e classificou as acusações como “armação da mídia”. Ao jornal Clarín, declarou que os prontuários mostrariam presença de outras bactérias mais perigosas em pacientes já debilitados e atribuiu a denúncia a um ex-sócio.

Durante ato político em La Plata, o presidente Javier Milei acusou apoiadores da ex-presidente Cristina Kirchner de protegerem o empresário e defendeu sua prisão. Milei afirmou ainda que eleitores do kirchnerismo estariam “infectados com parasitas mentais” e convocou participação nas eleições legislativas de outubro.

Com informações de InfoMoney