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Índia acelera projeto de represa após estimar perda de até 85% do fluxo do Brahmaputra por obra chinesa

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A Índia calcula que poderá perder até 85% do volume do rio Brahmaputra na estação seca por causa de uma usina hidrelétrica gigante que a China começou a erguer no Tibete, informaram quatro fontes próximas ao tema e um documento governamental obtido pela Reuters.

Movimento para conter impactos

Para reduzir o risco, Nova Déli decidiu acelerar a construção da represa multifuncional Upper Siang, planejada há mais de duas décadas para o estado de Arunachal Pradesh — região onde vivem comunidades que se opõem ao projeto por temerem alagamentos e perda de território.

Segundo o relatório interno, Pequim poderá desviar até 40 bilhões de metros cúbicos de água, pouco mais de um terço do volume anual que chega a um ponto estratégico da fronteira sino-indiana. O empreendimento chinês, avaliado em quase US$ 170 bilhões, teve início em julho e deverá ser a maior usina hidrelétrica do mundo.

Capacidade da represa indiana

Com previsão de armazenar 14 bilhões de metros cúbicos, a Upper Siang permitiria liberar água nos meses de estiagem e atenuar eventuais descargas abruptas do lado chinês. O governo avalia manter 30% do reservatório vazio de forma permanente para conter cheias inesperadas.

Estudo oficial indica que, sem a obra indiana, a cidade de Guwahati, dependente de agricultura e indústria de alto consumo hídrico, poderia sofrer redução de 25% no fornecimento na seca. Com a represa, a queda projetada cairia para 11%.

Pressão política e protestos locais

Em maio, funcionários da estatal NHPC, maior geradora hidrelétrica do país, iniciaram levantamentos topográficos sob escolta armada. Moradores da etnia Adi destruíram equipamentos e ergueram bloqueios, alegando que 16 vilarejos serão submersos e cerca de 10 mil pessoas afetadas diretamente. Lideranças comunitárias estimam impacto total superior a 100 mil habitantes.

O ministro-chefe de Arunachal Pradesh, aliado do primeiro-ministro Narendra Modi, chama a usina chinesa de “ameaça existencial” e apoia a construção da Upper Siang. O governo estadual iniciou negociações de indenização; três vilarejos já permitiram o avanço de estudos.

Diplomacia em curso

O chanceler indiano, S. Jaishankar, expressou preocupações ao ministro das Relações Exteriores da China em 18 de agosto. Pequim afirma que seus projetos passam por avaliações ambientais rigorosas e não prejudicarão países a jusante. Nova Déli, por sua vez, não respondeu aos pedidos de comentário da Reuters, assim como a NHPC.

Riscos durante a obra

Fontes próximas ao planejamento alertam que a represa indiana levará até dez anos para ficar pronta após o início das obras, prazo que pode deixá-la vulnerável a descargas de água vindas da China durante as monções. Especialistas acrescentam que a região, de forte atividade sísmica, exige atenção extra a deslizamentos e enchentes glaciais.

A construção da Upper Siang, se confirmada, deverá ocorrer após longa tradição de movimentos contrários a grandes barragens no país, que já atrasaram ou redimensionaram diversos empreendimentos hidrelétricos.

Com informações de Valor Econômico

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