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Pesquisadores do consórcio BrainGate divulgaram nesta quinta-feira, na revista Cell, que um sistema de interface cérebro-computador conseguiu reconhecer palavras e frases que voluntários apenas imaginavam falar. O resultado amplia as possibilidades de comunicação para pessoas com doenças que impedem a fala, como a esclerose lateral amiotrófica (ELA).
O ensaio clínico BrainGate2 acompanha pacientes que receberam implantes de quatro matrizes de microeletrodos no córtex motor, região cerebral ativada durante a produção da fala. Entre eles está Casey Harrell, 37 anos, que perdeu a voz em 2023 por causa da ELA e passou a usar o sistema para conversar com familiares.
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ToggleComo o teste foi realizado
Inicialmente, o computador foi treinado a partir de tentativas reais de fala. Nessa fase, a inteligência artificial conseguiu prever quase 6 mil palavras com 97,5% de acerto e ainda sintetizar a voz de Harrell com base em gravações feitas antes da doença.
Na nova etapa, os cientistas queriam saber se o equipamento captaria mais do que os pacientes desejavam expressar — a chamada “voz interior”. Para isso, os voluntários receberam sete palavras-alvo, como “pipa” e “dia”, e foram instruídos a pronunciá-las mentalmente. O padrão de atividade gerado era semelhante ao da fala tentada, porém mais fraco.
Mesmo assim, o algoritmo identificou corretamente a palavra pensada por outro participante em mais de 70% das vezes. Quando treinado exclusivamente para a fala interior, o desempenho melhorou inclusive para Harrell. Em testes com frases completas, como “Não sei há quanto tempo você está aqui”, a maioria ou a totalidade das palavras foi decodificada.
Questões de privacidade e soluções propostas
Durante um exercício de contagem silenciosa de figuras coloridas, o sistema detectou termos numéricos que não deveriam ser revelados, gerando preocupações éticas. Para evitar “escutas acidentais”, os autores propõem duas barreiras:
Imagem: infomoney.com.br
- Configurar o software para ler apenas a fala tentada, ignorando a interior.
- Exigir uma senha mental para ativar a decodificação. Em um experimento, a frase incomum “Chitty Chitty Bang Bang” foi reconhecida com 98,75% de precisão por uma participante de 68 anos com ELA.
Repercussão
O neurocientista Christian Herff, da Universidade de Maastricht, considerou o avanço “fantástico” e destacou que os dados ajudam a entender a base neural da linguagem. Já a especialista Evelina Fedorenko, do MIT, elogiou a metodologia, mas avaliou que grande parte do pensamento espontâneo pode não ser captada por esse tipo de implante.
Para o bioeticista Cohen Marcus Lionel Brown, da Universidade de Wollongong, a adoção de um “botão mental liga/desliga” representa um passo essencial para dar aos pacientes controle sobre o que desejam compartilhar.
Os autores reconhecem que o sistema ainda não permite conversas fluentes somente por meio de pensamentos, mas relatam melhorias de velocidade e precisão em testes ainda não publicados.
Com informações de InfoMoney
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