Investir em empresas conhecidas reduz riscos e pode ampliar ganhos, afirma Florian Bartunek

O fundador e diretor de investimentos da Constellation Asset Management, Florian Bartunek, defende que investidores brasileiros podem obter resultados expressivos ao aplicar recursos nas companhias que já fazem parte do seu cotidiano. A avaliação foi feita em entrevista ao podcast Outliers, do InfoMoney, durante a Expert XP.

Segundo o gestor, a barreira para investir no exterior é mais psicológica do que prática. Ele argumenta que, graças à ampla divulgação de dados corporativos, brasileiros têm acesso a praticamente as mesmas informações sobre gigantes como Google (GOGL34), Amazon (AMZO34) e Meta (M1TA34) que os investidores norte-americanos.

Referências de Buffett

Bartunek lembrou que Warren Buffett tornou-se acionista da Apple (AAPL34) sem reunir-se com o presidente da companhia, reforçando a tese de que a proximidade com o produto ou serviço pode ser suficiente para embasar uma decisão de investimento. “Se usamos Google, Nike ou Instagram todos os dias, por que não participar dos resultados dessas empresas?”, questionou.

Oportunidades locais

Para negócios brasileiros, ele sugere a mesma lógica. “Um médico conhece bem Fleury (FLRY3), Dasa (DASA3) e Rede D’Or (RDOR3). Faz sentido considerar esses papéis, em vez de limitar a carteira a Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3)”, disse. O executivo acrescentou que estrangeiros veem qualidade global em nomes como Itaú (ITUB4), BTG Pactual (BPAC11), Nubank (NUBR33) e Localiza (RENT3).

Diversificação e tecnologia

Apesar de reconhecer oportunidades no mercado doméstico, a Constellation busca ampliar a exposição internacional, privilegiando modelos de negócio escaláveis e resilientes. Bartunek também aposta na inteligência artificial para aprimorar a gestão. “Computadores superam pessoas, mas a combinação de analista e máquina supera apenas a máquina”, afirmou.

O gestor critica a composição do Ibovespa, que, em sua visão, reflete mais o passado do que tendências futuras, por ter peso elevado de empresas de commodities. Ele lembra que o indicador não capturou a valorização de Nubank e Mercado Livre.

Desempenho histórico

Levantamento da Constellation mostra que, nos últimos 20 anos, o fundo administrado pela casa rendeu 1.090%, frente a cerca de 1.060% do S&P 500 (em reais), entre 550% e 600% do CDI e pouco mais de 300% do Ibovespa. Bartunek cita outras gestoras brasileiras — Dynamo, Squadra e Atmos — como exemplos de quem superou os principais índices no longo prazo.

Dicas para iniciantes

Para quem está ingressando na Bolsa, o conselho é estabelecer previamente o grau de tolerância a perdas. Ele alerta que, historicamente, o mercado acionário local recua cerca de 20% duas vezes por ano. Nesse contexto, recomenda repartir os aportes ao longo do tempo e adotar horizonte mínimo de cinco a dez anos.

Bartunek sugere ainda contar com profissionais especializados: “As pessoas contratam personal trainer e nutricionista, mas muitas vezes não têm alguém para cuidar dos investimentos”.

Formação de talentos

Fora da rotina de gestão, o executivo se dedica ao Constellation Challenge, competição universitária de análise de ações considerada a maior da América Latina. Os vencedores são convidados a estagiar na gestora. Em edições anteriores, a etapa final chegou a reunir equipes brasileiras e norte-americanas em Harvard.

Aos jovens interessados em carreira financeira, ele aconselha escolher com atenção o primeiro emprego. Mesmo funções de apoio podem proporcionar aprendizado relevante, desde que a empresa ofereça ambiente de crescimento. Entre os pilares para ascender na profissão, Bartunek menciona confiabilidade, capacidade de entrega, curiosidade e boa convivência.

Com informações de InfoMoney