Jaguar queria ter cinzas espalhadas pelos bares que marcou sua vida, revela entrevista

O cartunista Jaguar, morto no último domingo, 24, aos 93 anos, havia manifestado um desejo incomum para o pós-morte: ser cremado e ter as cinzas distribuídas pelos bares que frequentava. A ideia foi revelada em setembro de 2000, quando ele tinha 68 anos, durante entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Na conversa, Jaguar explicou que pretendia poupar a família de velório tradicional. “Essa história de velório é uma aporrinhação para a família e os amigos. Além do mais, não quero que ninguém me veja dentro de um caixão. Vai faltar cinza, mas disse para a minha mulher incinerar um pangaré para completar o bolo”, comentou, em tom bem-humorado.

Bares escolhidos

Entre os estabelecimentos citados estavam Bar Luiz, Bar Brasil e Bracarense, no Rio de Janeiro; Pirajá e Piratininga, em São Paulo; e Bar do Carlinhos, em Itaipava, na região serrana fluminense.

Para cumprir a tarefa, o cartunista destinou a missão a quatro pessoas: Albino Pinheiro, Machadão, Chico PF e a esposa, Célia Regina. No entanto, Pinheiro já havia morrido um ano antes da entrevista, deixando a responsabilidade para o trio remanescente. Não há confirmação se o plano será executado ou se se tratava apenas de mais uma brincadeira do artista.

Humor sobre a própria morte

Jaguar mantinha o tema da morte em suas piadas. Em 2012, aos 80 anos, disse à Folha de S. Paulo que sofria de cirrose e câncer no fígado. Segundo ele, o médico surpreendeu-se com a melhora de seu quadro, frustrando seu “esquema” de despedida: “Perguntei: quer dizer que não vou morrer dentro de 20 dias? Ele falou: não. Falei: porra, mas que sacanagem! Já bolei todo o esquema, vou ter que reformular tudo de novo, voltar à vida normal, fazer planos para o futuro e o cacete, mas que merda!”, recordou, rindo.

Até o momento, não foi divulgado se o último desejo do cartunista será realizado.

Com informações de InfoMoney