Steven Levitsky critica reação dos EUA e elogia STF em palestra no Senado

Brasília, 12 — O cientista político norte-americano Steven Levitsky, autor do livro “Como as Democracias Morrem”, afirmou nesta terça-feira, em seminário no Senado, que considera “irônico” os Estados Unidos penalizarem o Brasil por medidas que, segundo ele, deveriam ter sido adotadas pelo próprio país.

Levitsky referiu-se à ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é acusado de conspirar para permanecer no cargo após a derrota nas eleições de 2022, resultando na invasão das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Ele comparou o episódio ao ataque de apoiadores de Donald Trump ao Capitólio, em Washington, em 6 de janeiro de 2021, pelo qual o ex-mandatário norte-americano não sofreu responsabilização.

“A grande ironia é que os Estados Unidos estão punindo o Brasil por fazer o que os americanos deveriam ter feito. Como cidadão americano, sinto vergonha dessa situação”, declarou o professor de Harvard.

Desde o início de julho, Donald Trump passou a pressionar o governo brasileiro pelo fim do processo contra Bolsonaro. Entre as medidas citadas por Levitsky estão uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, a abertura de investigação sobre supostas práticas comerciais injustas e a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF.

Comparação entre instituições

Segundo o pesquisador, as instituições dos Estados Unidos “falharam sistematicamente” em conter Trump, enquanto o sistema brasileiro reagiu de forma mais contundente. “O que sobressai no caso do Brasil é a Suprema Corte. A Suprema Corte americana atrapalhou os esforços para parar Trump. Já a brasileira está agressivamente tentando processar Bolsonaro”, avaliou. Para ele, os ministros do STF “ficaram de pé defendendo a democracia”.

Levitsky reconheceu que o STF recebe críticas por tratar de assuntos constitucionais não resolvidos pelo Congresso ou pelo Executivo, mas avaliou que, nos últimos sete anos, o tribunal “fez exatamente a coisa certa” ao proteger o sistema democrático.

Com informações de InfoMoney