Macron procura caminho político para apoiar acordo União Europeia-Mercosul

Setores do governo brasileiro avaliam que, nas últimas semanas, o ambiente internacional tornou-se mais favorável à conclusão do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul. Segundo interlocutores em Brasília, cresce entre países europeus a percepção de que os Estados Unidos, sob a gestão de Donald Trump, são um parceiro pouco confiável, o que leva o bloco a buscar alternativas comerciais menos expostas à imprevisibilidade e ao unilateralismo norte-americano.

Nesse cenário, o presidente da França, Emmanuel Macron, estaria em busca de uma “escada” — expressão usada por diplomatas — que lhe permita justificar politicamente o endosso ao tratado. O pacto, negociado por mais de 20 anos, já está pronto para ser assinado pelos quatro membros do Mercosul — Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai — e pelos 27 países da União Europeia.

Para o Itamaraty, a necessidade europeia de diversificar parceiros comerciais reforça a importância de avançar com o texto, que prevê a eliminação gradual de tarifas, abertura de mercados e regras comuns em áreas como propriedade intelectual e compras governamentais. Ainda assim, a adesão francesa é considerada decisiva para destravar o processo de ratificação em Bruxelas.

Diplomatas brasileiros lembram que o governo francês enfrenta pressão interna de agricultores e ambientalistas contrários ao acordo. Encontrar um argumento que contemple essas preocupações sem inviabilizar o tratado é visto como peça central da estratégia de Macron.

Enquanto isso, os quatro países do Mercosul mantêm contatos com chefes de governo europeus para acelerar a assinatura do texto ainda neste ano. A expectativa brasileira é de que, uma vez superada a resistência francesa, o pacto avance simultaneamente nos parlamentos dos dois blocos.

Com informações de Valor Econômico