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Mercado clandestino de receitas e atestados médicos explode nas redes sociais brasileiras

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A comercialização de receitas médicas, atestados, laudos e medicamentos controlados sem prescrição avançou de forma acelerada nas redes sociais e preocupa órgãos de saúde. Levantamento do g1 identificou grupos que funcionam como verdadeiros marketplaces no Telegram, além de anúncios em plataformas como Google, Meta, X (antigo Twitter) e TikTok.

Expansão rápida desde 2018

Em 2018, foram registradas 686 publicações oferecendo documentos ou remédios ilegais no Telegram. Hoje, o número supera 15 mil por ano no Brasil, crescimento superior a 20 vezes. Os dados são de Ergon Cugler, pesquisador do CNPq no Laboratório de Estudos sobre Desordem Informacional e Políticas Públicas (DesinfoPop/CEAPG/FGV).

A audiência também é expressiva: até julho de 2025, esses anúncios somaram quase meio milhão de visualizações, e mais de 27 mil usuários participam ativamente dos grupos.

Golpistas usam dados de médicos reais

O pediatra João Batista, 72 anos, recebeu do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CRM-SP) notificações sobre cerca de 10 atestados emitidos em seu nome para uma mesma pessoa, embora nunca tenha atendido a paciente. Ele afirma não saber como os fraudadores obtiveram seus dados.

Tipos de documentos e produtos oferecidos

  • Receitas brancas – para medicamentos de uso comum;
  • Receitas azuis – destinadas a psicotrópicos;
  • Receitas amarelas – exigidas para entorpecentes e fármacos de uso restrito.

Os vendedores fornecem instruções sobre impressão, assinatura e locais onde a receita deve ser apresentada, recomendando evitar grandes redes de farmácias. Também são comercializados atestados personalizados, nos quais o comprador define período de afastamento, CID e recomendações médicas, além de medicamentos como tarja-preta, abortivos e inibidores de apetite.

Mecanismo de venda

O esquema utiliza bots, perfis falsos e sistemas de pagamento instantâneo para liberar o material assim que a transação é concluída, dificultando a ação de autoridades.

Plataformas reagem

Google e Meta já chegaram a receber anúncios pagos que direcionavam usuários a esses grupos. No TikTok, vídeos ensinam como obter os documentos e, nos comentários, vendedores oferecem o serviço. No X, circulam listas completas de produtos.

Medidas de controle em disputa

O Conselho Federal de Medicina (CFM) criou uma plataforma digital para autenticar atestados, com biometria e assinatura eletrônica, mas a resolução que a regulamenta foi suspensa pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região após ação do Movimento Inovação Digital. O CFM recorreu, o processo está em segunda instância e conta com parecer favorável do Tribunal de Contas da União. Segundo o conselho, o sistema será gratuito para médicos, pacientes e empresas.

Paralelamente, desde julho deste ano, a Anvisa testa um sistema nacional que gera números de receitas para medicamentos de uso restrito. Cada numeração é vinculada ao médico emissor, permitindo verificação instantânea pelas farmácias.

Riscos à saúde

Especialistas alertam que o acesso facilitado a medicamentos controlados incentiva a automedicação e expõe pacientes a efeitos adversos graves. Para Marun Cury, diretor de Defesa Profissional da Associação Paulista de Medicina, o exercício ilegal da medicina mina a confiança nas instituições e coloca vidas em perigo.

Com informações de InfoMoney

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