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Setor privado ganha protagonismo na busca por recursos contra a crise climática

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Nove meses após o encerramento da COP29, realizada em Baku, no Azerbaijão, o compromisso firmado pelos países ricos de destinar US$ 300 bilhões por ano até 2035 às nações em desenvolvimento continua sem sair do papel. O valor ficou acima dos US$ 250 bilhões discutidos inicialmente, mas permanece distante do montante de US$ 1,3 trilhão apontado por especialistas como necessário para enfrentar os efeitos extremos do aquecimento global.

A ausência de desembolsos efetivos será detalhada em relatório conjunto do presidente da COP29, Mukhtar Babaiev, e do presidente da COP30, o diplomata brasileiro André Corrêa do Lago, previsto para outubro. Embora o tema não figure na agenda oficial da conferência marcada para Belém, cresce a pressão para que o encontro avance em soluções de financiamento.

Contexto geopolítico trava avanços

Nos Estados Unidos, restrições orçamentárias já limitaram a contribuição durante o governo Joe Biden. A possibilidade de retorno do republicano Donald Trump, que nega a mudança climática, acentua a incerteza. A China, maior emissora global de gases de efeito estufa, mantém a posição de que a maior parte dos custos deve recair sobre as economias desenvolvidas. Já a União Europeia resiste a arcar sozinha com o fardo, priorizando questões de segurança regional.

Em 2024, o gasto global com defesa chegou a US$ 2,7 trilhões, o dobro do valor anual pretendido para o combate às mudanças climáticas, ilustrando a disparidade de prioridades.

Privado passa a ser peça-chave

No terceiro seminário do projeto “COP30 Amazônia”, promovido por Valor, O Globo e CBN, especialistas apontaram a participação do setor privado como crucial para ampliar os recursos. A International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial, destaca a necessidade de projetos em escala para atrair investidores. A entidade já financia agricultura sustentável e emissões de títulos voltados à biodiversidade na Colômbia, iniciativas consideradas de pequeno porte para o mercado.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) trabalha com mecanismos como troca de dívida por projetos verdes e contratos que suspendem pagamentos em caso de eventos climáticos severos. Para a COP30, o banco prepara dois programas: o Reinveste Mais, voltado à recompra e reestruturação de carteiras de projetos sustentáveis com garantia adicional, e o Colabora, que busca atrair fundos de private equity dispostos a assumir maiores riscos.

Iniciativas brasileiras

Lançado em 2023, o programa federal Eco Invest segue lógica semelhante a uma Parceria Público-Privada e já movimentou R$ 24,1 bilhões em dois leilões. Outros dois certames estão previstos antes da conferência de Belém, com foco em atrair capital de private equity e oferecer proteção cambial a investidores estrangeiros.

Setor privado ganha protagonismo na busca por recursos contra a crise climática - Imagem do artigo original

Imagem: Editorial via valor.globo.com

Mercado de carbono e ambiente regulatório

Em artigo publicado pelo Valor em 1º de agosto, Leonardo Pereira, ex-presidente da CVM, e Caio de Oliveira, analista sênior da OCDE, reforçam que apenas fundos públicos não bastam para financiar a transição energética. Estudo da OCDE indica que, sem capital privado, a China alcançaria as metas do Acordo de Paris apenas em 2028, as economias avançadas em 2041 e os países em desenvolvimento em 2050.

Especialistas defendem a criação de marcos regulatórios que ofereçam segurança jurídica, prazos adequados, garantias de rastreabilidade da produção e um ambiente macroeconômico estável para destravar investimentos.

Com os cofres públicos insuficientes e o cenário geopolítico adverso, a mobilização do capital privado surge como a principal rota para alcançar o volume de recursos necessários ao enfrentamento da crise climática.

Com informações de Valor Econômico

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