Swatch retira anúncios e pede desculpas após acusação de racismo em campanha na China

A fabricante suíça de relógios Swatch removeu mundialmente os materiais promocionais da linha Swatch Essentials e divulgou um pedido público de desculpas no sábado, 16 de agosto, depois que imagens da campanha foram acusadas de racismo nas redes sociais chinesas. As fotos mostravam um modelo asiático puxando os cantos dos olhos, gesto considerado ofensivo por internautas do país.

Em nota publicada em chinês e inglês na plataforma Weibo e também no Instagram, a companhia afirmou ter “tomado nota das recentes preocupações” e garantiu que todos os anúncios foram retirados. “Pedimos sinceras desculpas por qualquer sofrimento ou mal-entendido que isso possa ter causado”, dizia o comunicado.

A repercussão negativa foi imediata na China, mercado em que a Swatch atua há décadas. “Quando vi, fiquei chocado. Não entendo como passou por tantas aprovações”, disse o estudante Justin Zhao, de 23 anos.

Para o consultor de relações públicas Mark Borkowski, que dirige uma agência em Londres, a autorização das peças revela “uma falha básica” nos processos de revisão da marca, que precisará investigar como a campanha foi aprovada.

O influenciador de moda Peter Xu, que reúne mais de sete milhões de seguidores no Weibo, avaliou que a controvérsia deve afetar os negócios da empresa no curto prazo, mas que o impacto pode ser limitado graças à rápida retratação. “Foi bastante estúpido divulgar aquelas imagens”, afirmou.

O episódio se soma a outros desafios enfrentados pela Swatch. As ações da companhia caíram mais de 50% desde o início de 2023, e os relógios do grupo enfrentam tarifa de 39% nas exportações aos Estados Unidos. China, Hong Kong e Macau responderam por cerca de 27% do faturamento do conglomerado em 2024.

No ano passado, a receita recuou 14,6%, para 6,74 bilhões de francos suíços (US$ 8,4 bilhões), refletindo a demanda mais fraca por bens de consumo na China, segundo a própria empresa.

Com informações de Valor Econômico