Citi prevê continuidade do forte rali de operações de carry trade em moedas emergentes

As operações de carry trade com moedas de mercados emergentes contra o dólar registram o desempenho mais expressivo em vários anos e tendem a manter o ritmo, pelo menos no curto prazo, segundo avaliação de Luis Costa, chefe de estratégia de mercados emergentes do Citi.

Costa afirmou que uma postura potencialmente mais dovish do Federal Reserve, aliada à cautela dos bancos centrais de países em desenvolvimento, sustenta o fortalecimento dessas moedas em relação à divisa norte-americana. “A combinação ainda favorece um dólar comportado, apesar do novo apetite dos investidores por ações dos Estados Unidos”, disse o executivo em entrevista.

Um índice da Bloomberg que acompanha o retorno de estratégias de carry trade em oito países emergentes, financiadas por posições vendidas em dólar, acumula alta superior a 10% em 2025. Se mantiver o ritmo, o indicador pode alcançar o maior ganho anual desde 2017.

Dentro desse grupo, o real brasileiro desponta como destaque: a estratégia de carregamento da moeda frente ao dólar soma ganho superior a 20% no ano. O Citi continua otimista em relação ao real, argumentando que o mercado ainda precifica uma condução prudente da política monetária pelo Banco Central.

Apesar da perspectiva favorável no curto prazo, Costa alertou para um cenário mais desafiador no segundo semestre de 2026. Segundo ele, condições financeiras frouxas e políticas fiscais expansionistas podem levar a economia dos EUA de um pouso suave para uma fase de retomada com inflação mais alta, o que provocaria inclinação da curva de juros norte-americana e fortalecimento do dólar, pressionando ativos internacionais.

No mês passado, estrategistas do Citi também recomendaram a compra da lira turca contra o dólar por meio de contratos a termo de três meses. Já analistas do HSBC chamaram atenção para a possibilidade de a recente venda de dólares configurar uma bolha prestes a estourar, sinalizando que o ponto mínimo da moeda dos EUA poderia estar próximo.

Com informações de Valor Econômico